terça-feira, 15 de abril de 2008

MEMÓRIA E TRABALHO NO BAIRRO DO JACARÉ - RIO DE JANEIRO*

Histórico do bairro
A partir da década de 1920, com o estabelecimento de indústrias na região da antiga Avenida Suburbana (Av. Dom Helder Câmara), o bairro do Jacaré, que era uma região de fazendas, passa a ser urbanizado e ocupado. É nesse período que surge, no bairro, a favela do Jacarezinho.
Já na década de 1940, grandes empresas, como a General Eletrics (GE), ocupavam a região e empregavam mais da metade dos moradores do Jacarezinho. Na década de 1950, com o crescimento do processo de industrialização, a população aumenta com a vinda de migrantes de diferentes regiões do Estado do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
A conjuntura da falência das indústrias
No decorre do tempo, a favela do Jacarezinho se torna a segunda maior da América Latina. Ao longo dos anos, crises na economia brasileira e na economia mundial, como a crise do petróleo na década de 1970, afetaram as indústrias brasileiras, provocando desemprego e falências.
No entanto, o período que mais afetou a indústria brasileira provocando sucessivas falências foi no início da década de 1990. Não fugindo à regra, foi nesse período que a maioria das indústrias do complexo industrial do Jacaré faliu ou tiveram suas unidades reduzidas se transferindo para estados onde havia maiores incentivos fiscais, ou ainda reduziram, consideravelmente, o número de empregados.
Perdas
No complexo do Jacaré, várias situações elucidam a conjuntura de crise que o país vivia na década de 1990. Um bom exemplo de desemprego estrutural gerado por inovações tecnológicas é o caso das indústrias de vidro que perdem espaço para a indústria de plásticos. A indústria de vidro Cisper, que na década de 1980 tinha cerca de 2 mil empregados, hoje tem cerca de 400 empregados.

De acordo com dados do sindicato de metalúrgicos do Rio de Janeiro, nos anos 1970, no Jacarezinho, existiam 15 pequenas metalúrgicas. Na atualidade, não existe nenhuma. O bairro do Jacaré teve, na década de 1970, mais de 50 metalúrgicas e na atualidade existem apenas 27.
Conclusão
Uma crise econômica gerada principalmente pela adoção de uma política neoliberal, um processo de reestruturação produtiva que dá à indústria a capacidade de produzir mais, produtos de maior qualidade e com o efetivo de operários bem menores; e por fim, a violência, foram fatores que juntos resultaram no fim de um complexo industrial. Hoje, o Jacaré é um bairro desvalorizado e a comunidade do Jacarezinho sofre ainda o estigma da violência e da periculosidade. As ruas repletas de operários estão hoje semidesertas com seus galpões feitos de moradias.

7 comentários:

  1. concordo com a matéria, conhecendo melhor a história do jacaré pude perceber que seus galpões abandonados que são feitos de moradias são antigas indústrias... o bairro está desvalorizado mas iremos mudar essa realidade!

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  2. Já fui moradora do "morrinho" como é conhecido. Tive minha infancia toda lá,e fui muito feliz mesmo com tantas dificuldades. Mas eu falo em 20 ou 30 anos atrás...Lembro do apito das fábricas,anunciando aos func. os horários de entrada/saída. De uma praça c/ árvores cheias de flores na prima-vera c/ cheirinho de limão, um campo cheio de grama e banquinhos..As indústrias contratavam seguranças de ruas, todas as crianças da época brincavam com eles.Hoje tenho 35 anos morro no Cachambi, e quando passo por lá fico triste e e tenho muita esperança de que um dia tudo volte o que era antes.......Nataliene

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  3. Sou morador da comunidade e gosto muito do Jacarezinho. Eu me lembro na infância e na adolescência de como era os apitos das fábricas que tocavam de manhã, posso até viajar no tempo agora.
    Mas Jacarezinho e Jacaré estão começando a mudar novamente, e pra melhor.
    Quero vê novamente as crianças da minha comunidade sorrindo e feliz novamente.
    Já temos em torno da nossa comunidade, muitos projetos sendo construído, coisas que eu achava que ficaria só no papel.
    Hoje sou um Agente Comunitário de Saúde, pertenço a Clínica da Família Anthidio Dias da Silveira que fica ao lado da Suipa e me orgulho muito disso.
    Vamos sorrir novamente Jacaré
    Vamos ser feliz novamente Jacarezinho.

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  4. Sou Dumenil.
    Fui nascido e criado no Morro do Jacarezinho,tenho hoje completo 51 anos,e me recordo com saudades do tempo em que realmente se valorizava o ser humano,mesmo com toda a dificuldade que enfrentávamos,pois rea de uma família pobre,porém não faltava esperança de um mundo e um bairro melhor.
    Lembro-me das fábricas que funcionavam no Morrinho,Café Moinho de Ouro em que de tarde nós sentíamos o cheirinho do café que vinha com o vento na hora da torrefação,o barulho do apito da fábrica de vidro e da GE,como era legal,o morro ainda não tinha luz,porém era interessante as brincadeiras que inventávamos,como pique bandeira,pique esconde,as meninas pulavam amarelinha,os meninos jogavam bola de gude,era divertivo demais,hoje vemos em que se transformou o nosso bairro,é só Crack e violência,não se tem mais a inocência das crianças e nem a compreensão dos adultos com as pessoas que precisam de apoio,tanto moral como espiritual.
    Porém não me conformo com a situação e quero ver isso tudo mudar um dia e faço a minha parte,pois sei que ainda há tempo pra isso.

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  5. Por favor, mande e-mail de vocês, para poder enviar informações sobre meu livro:

    Na Moral! Assassinar negros e Favelados no Brasil é Normal.

    Policiais Matam mais que Cigarros e Trânsitos.

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  6. uma exelente matéria,sou saudosista meus olhos encheram de lágrimas. passei a minha infância toda ali parabéns que Deus os abençoe.

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